Agosto de 2025 foi um mês decisivo para o mercado agropecuário brasileiro, marcado por oscilações de preços nos principais produtos: soja, milho e boi gordo. As variações observadas foram influenciadas por três fatores centrais: clima, câmbio e exportações. Enquanto a soja registrou recordes de embarques e valorização internacional, o milho mostrou estabilidade com perspectivas positivas no mercado futuro, e o boi gordo consolidou recuperação sustentada por forte demanda externa.
Soja: recorde de exportações e influência cambial
Em agosto, a soja alcançou R$ 141,83/saca na primeira metade do mês, mas encerrou próxima de R$ 134–139/saca no mercado interno, refletindo uma leve correção após os picos. No cenário internacional, o grão fechou o mês a US$ 1.037 por bushel, com valorização de +7,16 % no período.
- Clima: o inverno seco no Centro-Oeste favoreceu a preparação da safra 2025/26, mas ciclones no Sul trouxeram riscos logísticos e de armazenagem.
- Câmbio: a valorização do real, com o dólar em torno de R$ 5,45, reduziu a competitividade em reais, mas foi compensada pelo volume exportado.
- Exportações: até julho o Brasil já havia exportado 77,2 milhões de toneladas, recorde histórico, e em agosto os embarques mantiveram ritmo 28,6 % superior a 2024, sustentando preços no mercado interno.
Resumo: a soja mostrou força com demanda externa aquecida, mesmo diante da pressão cambial.
Milho: leve valorização e expectativas positivas
O milho apresentou uma trajetória de leve valorização: de R$ 64,05/saca em 22/08 para R$ 64,49/saca em 27/08, acumulando cerca de +1,5 % no mês. A média nacional ficou em torno de R$ 62/saca, com forte variação regional (SP: R$ 66; GO: R$ 55; RS: R$ 70).
- Clima: o tempo seco no Centro-Oeste foi benéfico para o avanço da segunda safra, reduzindo riscos de estiagem. Já o Sul enfrentou intempéries climáticas que afetaram a logística.
- Câmbio: a valorização do real limitou ganhos imediatos, mas a estabilidade da demanda interna ajudou a segurar preços.
- Exportações: não tiveram o mesmo destaque da soja; o milho foi impulsionado mais por expectativas de mercado interno e futuro.
Nos contratos da B3, o milho para novembro de 2025 chegou perto de R$ 70/saca, indicando otimismo quanto à valorização nos próximos meses.
Resumo: apesar de modesto em agosto, o milho sinaliza melhora para o final do ano e início de 2026.
Boi Gordo: valorização com apoio das exportações
O boi gordo foi o destaque de agosto. A arroba fechou o mês a R$ 310,50 à vista e R$ 314,08 a prazo, acumulando +5,5 % no mês. O contrato futuro na B3 para agosto encerrou em R$ 311,40/@.
- Clima: a crise hídrica e os incêndios impactaram o transporte e aumentaram custos logísticos, mas não impediram a valorização da arroba.
- Câmbio: o dólar mais baixo reduziu margens em reais, mas, em contrapartida, os preços em dólar chegaram a US$ 55,9/@, 32 % acima de 2024.
- Exportações: julho já havia registrado recorde de 313,6 mil toneladas exportadas, e o ritmo se manteve elevado em agosto. A demanda da China e de novos mercados sustentou a firmeza do mercado interno.
Resumo: o boi gordo se valorizou com força, consolidando recuperação e atraindo otimismo para o final de 2025.
Conclusão
O mês de agosto de 2025 demonstrou como a interação entre clima, câmbio e exportações determina o rumo do agronegócio:
- A soja brilhou no mercado externo, alcançando recordes de exportação mesmo com o real valorizado.
- O milho teve estabilidade interna, mas expectativas futuras de alta animam produtores.
- O boi gordo foi o grande vencedor do mês, sustentado pela menor oferta e pela maior demanda internacional.
Esses movimentos reforçam que produtores e investidores devem acompanhar não apenas os preços internos, mas também as condições climáticas, oscilações cambiais e o apetite do mercado externo.
Perguntas Frequentes sobre o Mercado Agropecuário
O que influencia os preços da soja no mercado agropecuário?
Os preços da soja são influenciados por fatores climáticos que afetam a safra, a demanda internacional, especialmente da China, a variação do dólar e políticas comerciais. Além disso, estoques globais e condições logísticas também impactam a cotação.
Como a variação do boi gordo afeta os pecuaristas?
A queda no preço do boi gordo reduz a margem de lucro dos pecuaristas, principalmente os pequenos produtores, aumentando o risco financeiro e dificultando investimentos na produção.
Quais são as melhores fontes para acompanhar o mercado agropecuário?
Recomenda-se acompanhar bolsas como a B3, consultorias especializadas, órgãos oficiais como a CONAB e o IBGE, além de portais de notícias do agronegócio e grupos de discussão online.
Quais tecnologias ajudam a reduzir os riscos no mercado agropecuário?
Ferramentas como agricultura de precisão, monitoramento por drones, inteligência artificial e sistemas de previsão climática ajudam a melhorar a gestão da produção e a minimizar perdas em função das variações do mercado.
Para acompanhar o mercado agropecuário com mais profundidade, consulte também os relatórios da CONAB e da IBGE, fontes confiáveis e atualizadas que ajudam a entender melhor o cenário.