A Embrapa Agroindústria Tropical lançou em dezembro de 2025 o clone BRS 805, voltado para a cajucultura do litoral do Ceará. O anúncio foi feito pela equipe de pesquisadores da unidade, que registrou o desempenho em ensaios conduzidos em Pacajus, Cruz e Itapipoca.
O novo material promete dobrar a produtividade de castanha em comparação ao clone mais plantado, alcançando médias de 1.800 kg/ha entre o quinto e o sétimo ano. A cultivar também apresenta maior tolerância a doenças e pedúnculos com alto teor de vitamina C, impactos que reduzem custos e ampliam a atratividade para processamento industrial.
Produtividade Média de 1.800 Kg/ha Entre o 5º E 7º Ano
Os ensaios realizados mostraram produtividade média de castanhas de 1.800 quilos por hectare entre o quinto e o sétimo ano de idade do BRS 805. Esse resultado representa o dobro da produtividade média observada no clone testemunha CCP 76 no mesmo período.
A Embrapa destaca que a melhora foi consistente em diferentes locais de avaliação na região litorânea do Ceará. A dupla elevação de produção de castanha e de pedúnculo indica ganho de eficiência por área plantada.
Para produtores, o aumento significa maior receita por hectare e potencial redução do custo por quilo produzido, quando o investimento inicial em plantio tecnificado é diluído ao longo da produtividade.
Média de Pedúnculo de 23,8 T/ha; Pedúnculo Recomendado para Indústria
O BRS 805 alcançou média anual de produção de pedúnculo de 23,8 toneladas por hectare no período avaliado, também o dobro do clone testemunha. O pedúnculo apresentou coloração vermelha intensa e formato cônico, com boa aceitação para processamento.
O alto rendimento de pedúnculo amplia a rentabilidade do pomar ao somar valor à castanha in natura. Indústrias de processamento se mostram mais interessadas em materiais que combinam rendimento e características sensoriais favoráveis.
Além disso, o teor de vitamina C do pedúnculo foi registrado como cinco vezes superior ao da laranja, o que pode agregar valor nutricional ao produto processado e abrir mercados para sucos e concentrados.

Resistência a Mofo‑preto, Antracnose e Septoria Reduz Aplicações de Fungicida
Pesquisadores apontam que o BRS 805 é resistente ao mofo‑preto, à antracnose e à septoria, principais doenças que afetam a cajucultura. A resistência reduz a necessidade de aplicações constantes de fungicidas nos pomares.
Essa característica melhora a sustentabilidade do sistema produtivo, diminuindo custos com insumos e mitigando riscos ao meio ambiente e à saúde do trabalhador. A maior tolerância ao oídio também foi observada em comparação ao CCP 76.
Menos tratamentos fitossanitários podem resultar em margens maiores para pequenos e médios produtores e maior segurança alimentar para o consumidor final.
Mudas Clonais e Edital de Oferta Pública em 12 De Janeiro de 2026
O processo de comercialização inicial do BRS 805 será via edital de oferta pública, com lançamento previsto para 12 de janeiro de 2026. A Embrapa licenciará propágulos do clone a viveiristas registrados no Renasem.
O público‑alvo são viveiristas com registro ativo que poderão multiplicar e comercializar mudas enxertadas do clone. O uso de mudas clonais garante uniformidade e manutenção das características selecionadas.
O modelo de oferta pública busca ampliar o acesso a material genético melhorado e controlar a qualidade dos propágulos no mercado, protegendo o produtor contra materiais de baixa performance.

Plantas de Porte Intermediário: 3–4 M de Altura e Copa com Até 7 M
O BRS 805 tem porte intermediário, atingindo entre 3 e 4 metros de altura e envergadura de até 7 metros. A copa assume formato de taça compacta, recomendada para áreas mecanizadas.
Pesquisadores recomendam maior espaçamento de plantio para acomodar a envergadura e permitir circulação de tratores sem causar quebras em ramos produtivos. Esse manejo favorece a colheita mecanizada e reduz perdas por dano mecânico.
O formato e porte do clone tornam-no adequado a empreendimentos que buscam combinar produtividade com mecanização parcial, potencializando a escala de produção sem perda de eficiência.
Massa Média de Castanha de 10 G e Rendimento Industrial Médio de 23,2%
A castanha do BRS 805 apresentou massa média de aproximadamente 10 gramas, similar ao clone BRS 226, com amêndoas classificadas como LW ou W210. O rendimento industrial médio aferido foi de 23,2%.
Essas características tornam o clone atraente para indústrias de beneficiamento que priorizam massa e rendimento de amêndoa. A uniformidade da castanha facilita o processamento e melhora a logística de seleção e embalagem.
Produtores que cultivam para processamento industrial podem obter preços melhores por lote devido à qualidade e padronização do produto entregue às fábricas.
Impacto na Cadeia: Potencial para Reduzir Custo por Quilo e Fomentar Renovação de Pomares
Para a Embrapa, o BRS 805 contribui para a transição da cajucultura semiextensiva para um modelo tecnificado de alto rendimento. O clone integra um portfólio que amplia a variabilidade genética e a resiliência dos pomares.
Segundo especialistas, apesar do maior custo inicial com implantação e mudas, o custo por quilo de castanha tende a reduzir quando se considera produção e aproveitamento do pedúnculo. Exemplos em municípios do Rio Grande do Norte mostram queda significativa do custo por quilo.
O Brasil registrou 161.014 toneladas de castanha em 2024, crescimento de 38% sobre 2023, com o Ceará responsável por 101.930 toneladas. A introdução de clones como o BRS 805 pode acelerar a renovação de pomares e consolidar ganhos de produtividade na região.
Fonte: Embrapa.br




































