A Embrapa lançou, em 27 de novembro, a nova cultivar de nectarina BRS Carina na propriedade de Pinto Bandeira (RS). O evento reuniu pesquisadores, produtores e empresas parceiras para apresentação dos resultados de campo e das características agronômicas da variedade.
A BRS Carina, desenvolvida pelo programa de melhoramento de frutas de caroço da Embrapa Clima Temperado, chega como opção de ciclo médio com colheita prevista para a última semana de novembro. A expectativa dos pesquisadores é aumentar a oferta nacional de nectarinas, reduzir importações e ampliar renda para pomares do Sul e Sudeste.
Colheita Inicia Última Semana de Novembro; Ciclo é Complementar a Três Cultivares Embrapa
A BRS Carina entra no calendário de maturação entre BRS Dani e BRS Janita, com colheita a partir da última semana de novembro. Essa posição temporal amplia a janela de oferta nacional entre outubro e dezembro, beneficiando mercado e logística.
O posicionamento entre as demais cultivares lançadas pela Embrapa garante continuidade de abastecimento e reduz concorrência direta na mesma semana de colheita. Produtores podem escalonar plantios para estender a janela comercial e otimizar mão de obra.
Para cadeias de comercialização, a complementaridade pode permitir contratos de fornecimento mais longos e reduzir necessidade de importações nos picos de demanda. Isso tende a fortalecer o preço de mercado e a previsibilidade para pequenos e médios produtores.
Mais de 90% Da Superfície do Fruto em Vermelho Intenso; Apelo Visual Destaca-se
Os testes mostram que a epiderme da BRS Carina apresenta cobertura superior a 90% em vermelho intenso, com superfície lisa e brilhante. Esse padrão visual confere alto apelo de prateleira, fundamental para frutas de mesa.
Comparada a cultivares importadas e a antigas variedades, a BRS Carina tem cor mais uniforme e maior atratividade ao consumidor. Pesquisadores ressaltam que essa característica reduz perdas por seleção visual e aumenta aceitação imediata em pontos de venda.
O apelo visual também influencia estratégias de marketing e categorias de produto, permitindo posicionamento premium em mercados regionais. Supermercados e distribuidores sinalizam preferência por frutos com coloração consistente e bom transporte.

Produtividade Média Supera 20 T/ha; Pode Atingir 30 T/ha com Manejo Adequado
Ensaios em diferentes locais do Sul e Sudeste indicam produtividade média acima de 20 toneladas por hectare, podendo chegar a mais de 30 t/ha dependendo de manejo e região. Esses índices colocam a cultivar em patamar competitivo.
O potencial produtivo foi verificado em avaliações conduzidas pela Embrapa em parceria com produtores locais e empresas do setor. Técnicas de poda, adubação e irrigação mostraram impacto direto na produtividade final.
Produtores com melhor infraestrutura têm maior probabilidade de alcançar rendimentos máximos. A perspectiva de altos rendimentos é vista como fator-chave para incentivar ampliação de área cultivada e investimentos em pomares comerciais.
Requer 200–300 Horas de Frio; Adaptação Comprovada em Sul e Sudeste
A BRS Carina necessita entre 200 e 300 horas de frio abaixo de 7,2 °C para quebra de dormência e bom florescimento. Essa exigência a torna recomendada para estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Ensaios em diferentes cidades demonstraram boa adaptação climática dentro dessas regiões, com florescimento entre final de julho e início de agosto. Pesquisadores alertam que condições de frio insuficientes reduzem a uniformidade da produção.
Para áreas marginalmente aptas, a Embrapa recomenda avaliações locais antes de plantios comerciais em larga escala. Identificar microclimas favoráveis pode minimizar risco de perdas e garantir estabilidade anual da produção.

Fruto Pesa 80–110 G e Atinge 11–17 °Brix; Equilíbrio Entre Firmeza e Sabor
As frutas da BRS Carina apresentam peso médio entre 80 e 110 gramas e teores de sólidos solúveis de 11 a 17 °Brix, apontando bom equilíbrio entre doçura e acidez. A firmeza também foi destacada nos testes.
Essas características fazem da cultivar uma opção atraente para consumo in natura e para mercados que exigem transporte e armazenamento moderados. A polpa amarela e semilivre facilita o processamento e o consumo direto.
O perfil organoléptico pode fortalecer a competitividade frente às importações, sobretudo em nichos que valorizam sabor e textura. Consumidores e varejo tendem a preferir frutos mais doces com boa conservação pós-colheita.
Origem Genética Sunred × Rayon; Melhorista Destaca Superioridade a Cultivares Estrangeiras
A BRS Carina, registrada como Necta 508, resulta do cruzamento entre as cultivares Sunred e Rayon. O melhorista Rodrigo Franzon afirma que a novidade supera cultivares antigas introduzidas de outros países em coloração e adaptação.
Segundo Franzon, a seleção considerou não apenas aparência, mas resistência às condições locais e qualidade de mesa. O trabalho de melhoramento levou em conta preferências do consumidor e limitações climáticas brasileiras.
Essa abordagem orientada ao contexto local é apontada como estratégia para reduzir dependência de materiais estrangeiros e promover autonomia genética da fruticultura temperada no Brasil. O Programa de Melhoramento espera continuar lançando cultivares complementares.
Mercado Importa 5,45 Mil Toneladas Anuais; BRS Carina Pode Reduzir Dependência Externa
Entre 2020 e 2024, o Brasil importou em média 5,45 mil toneladas de nectarinas por ano, com picos superiores a 10 mil toneladas em anos anteriores. A Embrapa aponta que aumento de oferta nacional pode reduzir essas importações.
Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina concentram produção, mas em escala menor que a do pêssego. A introdução de cultivares adaptadas e produtivas é vista como instrumento para ampliar área plantada e competitividade.
Se adotada em escala comercial, a BRS Carina pode contribuir para diversificação de renda dos fruticultores e fortalecer cadeias locais de comercialização. Demandas por logística e gestão pós-colheita, entretanto, precisam ser coordenadas para colher os benefícios.
O lançamento da BRS Carina marca um passo estratégico no esforço de fortalecimento da fruticultura temperada brasileira. A Embrapa, produtores e parceiros seguem avaliando a cultivar e promovendo transferência de tecnologia para que a variedade alcance todo seu potencial comercial e econômico.
Fonte: Embrapa.br




































